Referências para o estudo bíblico

Referências para o estudo bíblico

Um auxílio para professores de escola dominical e amigos da Palavra de Deus.

 

* Sugere-se que os versículos indicados com asteriscos (*) sejam decorados.
* As citações entre colchetes [ ) requerem um maior conhecimento bíblico, e podem ser deixadas de lado conforme a idade das crianças.

 

DESCRIÇÃO DAS HISTÓRIAS DA BÍBLIA

56) A Cura do Dez Leprosos

A Purificação Prevista na Lei:

Em Israel o leproso era considerado impuro. Tinha que morar fora do acampamento, longe da congregação. Quando da aproximação de alguma pessoa, o leproso tinha por obrigação cobrir a metade inferior de seu rosto e adverti-Ia, clamando: Impuro, impuro! {veja Lv 13:45-46}.

Caso algum leproso fosse restabelecido, coisa que só o sumo sacerdote podia constatar, era necessário ainda que se oferecesse a favor dele uma oferta pela culpa, um sacrifício pelo pecado, uma oferta queimada e uma oferta de manjares (são os quatro principais sacrifícios que, juntos, prefiguram o sacrifício completo e perfeito do Senhor Jesus, o Filho de Deus).

Afora isso, era necessário que, antes ainda deste ato, se oferecessem duas aves limpas, uma das quais o sacerdote mandava imolar num vaso de barro, sobre águas correntes. Em seguida a ave viva era mergulhada no sangue da primeira, para ser, então, liberada, podendo voar pelos ares. Tudo isso é uma figura da morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus. A água corrente, sobre a qual a primeira ave era imolada, lembra a vida do Senhor - como Ele andava aqui na Terra -; finda a Sua carreira Ele foi morto e, força do Seu sangue, subiu ao céu, ao santuário celeste, perante Deus, o que vemos prefigurado na segunda ave {veja Hb 9: 12; *13:20-21}.

O fato de se molharem no sangue da ave, o pau de cedro, o estofo de carmesim e o hissopo deve lembrar ao crente que tudo aqui está sujeito à sentença de morte, tanto as coisas nobres deste mundo (representadas pelo pau de cedro e pelo carmesim) quanto as vis (figuradas no hissopo - uma plantinha) - (Compare * Gl6: 14). Depois o leproso tinha de - ele mesmo -lavar suas vestes, raspar o pêlo e banhar-se, para então estar limpo, pronto para voltar do exílio ao arraial. Apesar de todas essas medidas que até então já foram tomadas, o leproso só podia entrar na sua própria tenda depois de mais sete dias. Antes de entrar na tenda, no último dos sete dias tinha que tomar a rapar o pêlo, lavar suas vestes e banhar-se, para, só então, ser considerado puro e apto para entrar na sua tenda (veja Lv 14:8-9).

Mas, para ser totalmente limpo a ponto de poder entrar no santuário (v. 20), ainda era necessário que se oferecessem todos aqueles sacrifícios que acima já foram vistos (Leia versos 10-20). O sacerdote tomava do sangue do cordeiro da oferta pela culpa e molhava com ele a orelha direita, também o pé direito e a mão direita do que estava sendo purificado. Este ato figurava que aquele mesmo homem que outrora estivera impuro, encontra-­se agora sob a proteção do sangue purificador. Da mesma forma o sacerdote punha um pouco de azeite sobre os pontos já molhados pelo sangue.

Por ser a lepra uma figura do pecado, que também é hereditário, e que se alastra e conduz infalivelmente à morte, tudo que está tão detalhadamente exposto em Lv 14, no que se refere à purificação dessa doença (o pecado), é para nós deveras importante. Entendemos ali não somente a gravidade da doença, mas também a santidade de Deus. Para poder chegar à presença de Deus, o pecador separado e distanciado precisa ser lavado, purificado e regenerado pela Palavra de Deus (veja * Jo 3:3 e 7; I Pe 1:23). Igualmente precisa ser purificado pelo sangue de Cristo (*Hb 9:22-23; I Jo 1:7), assim como precisa ser selado com o Espírito Santo, sabendo que o azeite que se aplicava sobre o sangue é uma figura (Compare, também, *2 Co 1:21-22). O fato de o leproso ter de se banhar duas vezes, como também repetidas vezes rapar o pêlo, indica que tudo aquilo que procede da carne deve ser condenado em auto-juízo e segundo critério da penetrante e afiada navalha da Palavra de Deus. O leproso devia lavar por diversas vezes as suas vestes, o que nos lembra que o crente precisa controlar e santificar os seus hábitos e costumes, através da água que também representa a Palavra de Deus.

[Todas aquelas cerimônias e prescrições referentes à purificação do leproso foram suprimidas e substituídas pela Palavra e pela obra do Senhor Jesus. Por essa razão também em nosso trecho de hoje, a saber, Lucas 17, nada de tudo aquilo é mencionado.]   .

  1. A cura dos dez: Lucas 17:11-14.
  2. A gratidão de um deles: versos 15-19.

Explicação e ensinamentos:

O Senhor Jesus ia passando por entre Samaria e Galiléia, quando aí encontra com dez homens leprosos. A lepra é uma doença terrível e pode ser transmitida por contágio. Ela é geralmente incurável e após um processo muito doloroso conduz à morte. Membros do corpo inflamam, incham e vão caindo aos poucos.

Os dez leprosos, conscientes da sua impureza e da sua terrível situação, ainda que mantendo distância do Senhor, clamam por socorro: "Jesus, Mestre, compadece-te de nós!" Viam no Senhor Jesus apenas um "mestre" ou profeta "poderoso em palavras e em obras" (Lc 24:19). O Senhor, apesar disso, socorreu-os, mas provando a fé deles. Ele não disse: "sede limpos!", mas: "Ide, mostrai-vos aos sacerdotes." Segundo a lei, os sacerdotes tinham a incumbên­cia de verificar se a lepra estava ou não curada (ver Lv 14:3). A intenção do Senhor era, também, que os sacerdotes vissem que os leprosos tinham sido curados por Ele e que, assim sendo, reconhecessem nEle o Messias.

A cura ocorreu a caminho; sucedeu-lhes conforme a sua fé. Nove dentre eles prosseguiram no seu caminho. Não viam motivo para voltar e apresentar louvor e gratidão ao seu benfeitor. Um deles, porém, um samaritano, voltou louvando a Deus em alta voz e vindo ao Senhor o adorou. O Senhor muito se alegrou com a atitude do samaritano; lamentou, contudo, a ingratidão dos outros que também haviam recebido a cura. Os nove, que eram judeus, sem dúvida também se alegravam com a cura; contudo, não sentiam o desejo de seguir após Ele. Continuaram ligados àquele sistema religioso do povo judeu, baseado na lei, que não passava de" sombra das coisas futuras" , e que seria posta de lado.

O samaritano, agora, seguindo ao Senhor, possuía tudo de que precisava. Não é necessário dizer que essa sua decisão de seguir ao

Senhor redundou para ele em bênção e paz interior. Ele trilhou, desde então, o caminho da liberdade que a fé proporciona àquele que com gratidão aceita a graça que Deus oferece. Dessa forma, ficou livre da lei (veja* SI 50:25; *Gl 5:1).

[O caso desses dez leprosos se repete em nossos dias quando os que vão sendo salvos, ao invés de seguirem ao Senhor com decisão, ficam religiosamente ligados a pessoas incrédulas e mundanas, em vez de se desligarem dessas associações, ficando livres para, junto com os demais salvos, honrar ao Senhor e trazer a Deus o devido louvor (2 Tm 2:20-23; 3:5; Hb13: 13-15).]

 

57) O Juiz Iníquo.

  1. O juiz iníquo atende à viúva: Lucas 18: 1-5.
  2. O que faz Deus?: vs 6-8.

Explicação e ensinamentos:

No capítulo anterior (Lc 17: 20­36), o Senhor fala a respeito do juiz que virá sobre Israel nos últimos dias (antes que seja estabelecido o reino). Uma parte de Israel, o remanescente crente, será duramente afligida por causa da fé. Neste tempo de aflição Deus será o único socorro, e a Ele é que clamarão (SI 123 e 130:1-2 e *7­8).

Dado o constante manuseio da lei (do Sinai) com suas exigências, os juízes em Israel eram geral­mente intransigentes e duros, não usavam de nenhuma misericórdia.

Além disso o juiz da nossa parábola era um homem que "não temia a Deus". Mesmo assim ele terminou socorrendo a viúva. Qual foi a causa que o levou a atendê-la? Foi a insistência dela. Ela o molestava constantemente e sempre com o mesmo caso. Porque será que ele não mandou um servo colocá-la para fora? Não teve força para fazê-lo, visto que o pedido dela o tinha dominado.

O remanescente crente em Israel, do qual a viúva da nossa parábola é uma figura (viúva= figura de desamparo e de pobreza), irá clamar com grande insistência àquele Deus contra o qual o povo de Israel tanto pecou. Isso acontecerá no futuro, no tempo da grande tribulação. Deus, no entanto, retarda sua ajuda. Por quê? Não é por dureza nem por injustiça como no caso daquele juiz, mas para esperar que amadureça nos corações desse "remanescente" uma atitude apropriada para com Deus. (Compare o procedimento de José para com os seus irmãos, que somente após aquelas duras provas tiveram os seus olhos abertos para a culpa que tinham acumulado, arrependendo-se então de seu pecado).

O remanescente irá clamar e rogar durante muito tempo. Será que Deus irá socorrê-los? Veja o que fez o juiz iníquo. Quanto mais, então, irá Deus socorrê-los, visto que ama a Israel; Deus irá abre­viar os dias da tribulação (Veja Is 54:6-10). No tempo do anticristo Deus fará valer um critério diferente que hoje (o tempo da graça); naqueles dias será neces­sário perseverar até ao fim para ser salvo (Mt 24: 13). Em nossa parábola o Senhor estimula o "remanescente" de Israel a per­severar em fidelidade e a esperar pelo socorro de Deus. O Senhor pergunta: "Contudo, quando vier o Filho do homem, achará por­ventura fé na Terra?" Sem dúvida achará muito pouca fé, embora pudesse esperar muita fé.

A parábola contém também uma lição para nós: devemos aprender a perseverar na oração (ver *Rm 12: 12; *CI 4:2). Em Mt 21: 22 o Senhor Jesus nos exorta a pedirmos com fé. Em Jo 15:16 a Palavra nos exorta a permanecemos nEle a fim de produzirmos fruto, e a pedirmos em Seu nome ao Pai, para, assim, sermos ouvidos (* Jo 16:24).

 

58) O Fariseu e o Publicano, e como Jesus abençoa os meninos.

  1. O fariseu presunçoso: Lucas 18:9-12.
  2. O publicano arrependido: versos 13-14.
  3. Jesus abençoa os pequeninos: versos 15-17.

Explicações e ensinamentos:

Os fariseus zelavam por praticar a lei, mas eram tão orgulhosos e presunçosos que a obediência da lei acabava sendo uma questão de aparência e não do coração.

     Os publicanos eram funcionários a serviço dos romanos, que, geralmente fraudulentos, aceitavam suborno, motivo por que eram desprezados pelos demais judeus. Tanto o fariseu quanto o publicano em nossa parábola eram judeus. Ambos subiram ao templo a fim de orar e buscar em Deus justificação. Até aí são iguais. Em que consiste, então, a diferença entre eles?

O fariseu encontra-se dentro do santuário, sem, contudo, prostrar-se; ele acredita que, como homem santo que presume ser, possa chegar à imediata presença de Deus. Orava de si para si; isto é, ele admirava sua própria pessoa, achando nela agrado (veja o verso 9, a respeito dos que confiam em si mesmos). Sua oração até que começa bem:

"Ó Deus, graças te dou...”; até ai estava tudo bem, mas não demorou para se auto-justificar, fazendo transparecer sua cegueira acerca de si mesmo. Ele começa a tecer comparações entre si e pessoas criminosas, mas não se lembra das próprias injustiças. Possivelmente ele de fato nunca tenha cometido pecados como o furto e o homicídio. Talvez fosse filho de família bem remediada, não tendo, por isso, sido tentado a roubar para sufocar a pobreza ou até a fome. O fariseu desconhecia a santidade de Deus, que já chama de homicida a alguém que odeia seu irmão, ficando, assim, sujeito ao fogo do inferno (veja *1 Jo 3: 15; Mt 5:22).

Após ter falado das suas boas qualidades; o fariseu passa a relatar suas boas obras, que faziam parte da lei, e dentre as quais havia algumas que Deus nem sequer exigia dele {Deus havia determinado somente um jejum ao ano (veja Lv 16:29-31); o fariseu, porém, jejuava duas vezes por semana. Deus exigia o dizimo somente sobre o grão, o azeite e o vinho (Lv 27:30); o fariseu dizimava tudo que adquiria, até a hortelã e outras coisas dessa ordem, mas do amor e da justiça de Deus ele não cogitava(Lc 11:42)}.

Assim sendo, nada vemos registrado na Palavra de Deus a respeito da salvação deste fariseu. O que vemos é que o publicano "desceu justificado para sua casa", mas não o fariseu. A Escritura diz: "Ninguém será justificado diante dele por obras da lei" (Rm 3:20). "Não há justo, nem sequer um,... todos se extraviaram... todos pecaram" (*Rm 3:10-12 e 23).

O publicano, aquele que o fariseu desprezava, sentiu sua culpa diante de Deus. Ficando de longe, nem ainda ousando levantar os olhos ao céu, bateu no peito. Ele não somente se reconheceu no seu estado de perdição, mas os seus pecados contra Deus também lhe causaram profunda dor; em arrependimento ele ansiava agora por perdão. Sua tão resumida oração salienta três fatos: 1) ele se dirige a Deus; 2) confessa que é pecador; 3) pede por clemência. Esta é a atitude correta para ser justificado por Deus (veja *Rm 3:24-28). O publicano desceu justificado para sua casa (*Lc 18: 14).

Qual é a instrução que esta parábola contém para nós? Ela nos mostra que Deus concede pleno perdão ao pecador que hoje, no tempo da graça, chega a Ele em arrependimento. Mostra também qual a classe de pessoas que entrarão no reino (o publicano) e qual a dos que não entrarão (o fariseu).

As crianças, das quais lemos a seguir, também são um exemplo do caráter daqueles 'que pertencem ao reino. Aos olhos do povo eles são de pouca importância, mas para Deus têm um alto valor; os meninos são símplices, indefesos e sentem-se dependentes. É assim que toda pessoa deve sentir-se diante de Deus, se quiser entrar no reino dos céus (veja *Mt 5:3 e 5; Lc 18:16-17). O Senhor Jesus ama as crianças; e isso as mães sabiam, sabiam também que nEle encontrariam bênção e proteção. Hoje ainda Ele é o grande amigo dos pequeninos. Veio para "buscar e salvar () que se havia perdido”. Ele nos diz que não é a vontade do Pai celestial que se perca um só destes pequeninos (veja *Mt 18:11-14).

As crianças estão duplamente convidadas a vir ao Senhor Jesus: 1) Por serem pequeninos (veja Lc 18: 16); e 2) por que o convite do Senhor Jesus se dirige a todos os pecadores (veja Jo 6:37). Mas como é abençoado quando já desde cedo se chega ao Salvador! (*Pv8:17).

 

59) O Jovem Rico

  1. O jovem à procura da salvação: Mateus 19:16-22.
  2. A riqueza, um empecilho para entrar no reino de Deus: versos 23-24.
  3. Admiração dos discípulos e a pergunta de Pedro: versos 25-30.

Explicação e ensinamentos:

No estudo anterior temos visto que é necessário ser igual a um menino para poder entrar no reino. Qual é a atitude de um menino? (Explique às crianças o que já foi visto a esse respeito, na lição anterior).

Seria que o jovem rico tivesse os sentimentos puros de uma criança? Aparentemente, sim. Lemos que ele correu ao Senhor Jesus e que se ajoelhou perante Ele (veja Mc 10: 17). Fazer isso aos olhos da multidão requer humildade. Contudo, seu coração estava dividido entre Deus e as riquezas. Embora buscasse a vida eterna, não estava disposto a se desfazer dos bens materiais. O Senhor Jesus, que conhecia o coração deste jovem, tocou no ponto fraco dele.

Vejamos de que forma ele se dirige ao Senhor Jesus: "Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?"  (Tradução Revista e Corrigida).

Nesta pergunta há dois enganos:

  1. a) o Senhor era mais do que um "mestre"; se fosse apenas um mestre, não poderia ser classificado como "bom", porque "bom" só existe um: Deus {aliás, o Senhor Jesus era bom e como homem também santo, por ser o Filho de Deus e nEle habitar toda a plenitude da divindade (Cl. 2:3; 1 Pe 2:22)};
  2. b) o jovem pensava alcançar a vida eterna por meio das suas obras.

É verdade que a lei assegurava a "vida" a quem a cumprisse (veja Lv 18:5), mas não prometia "vida eterna"; esta última vai muito além e é somente "o dom gratuito de Deus por meio de Jesus Cristo" (*Rm 6:23). Por essa razão o Senhor apenas lhe diz, no verso 17: Se queres entrar na "vida" (Ele não lhe diz: "Se queres herdar a vida eterna"). O primeiro ato que faltava ao jovem era "entrar" na vida, visto que ainda se encontrava fora dela; igual a todas as pessoas não renascidas, ele não possuía vida em Deus (ver Ef 2:1).

O jovem afirmou que guardava os mandamentos - será que os guardava de fato? Só exteriormente. A suma da lei, que era amar a Deus de todo o coração... e ao próximo como a si mesmo, isso ele não cumpria (veja Mt 22:35-39). O Senhor não passou logo a convencê-lo de que não amava a Deus, mas mostrou-­lhe que não amava ao próximo. Para convencê-lo disso o Senhor disse: “... vende os teus bens, dá aos pobres...” Por meio destas palavras o Senhor Jesus provou o coração daquele jovem que ainda estava ligado ao mundo e aos bens materiais. Lemos que "retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades." Quão diferente foi a história do "eunuco" (veja At 8:39), que ouvindo falar de Jesus, que morrera em favor dele, seguiu jubiloso o seu caminho! Esta mesma felicidade também estava à disposição do jovem do nosso estudo de hoje. Mas o Senhor quer que o coração Lhe pertença:

"Dá-me, filho meu, o teu coração...” É Ele, e somente Ele, que pode purificar o coração e dar-lhe vida em Deus, com paz e alegria (Rm 14:17). Há um poema que traduz muito bem as riquezas deste mundo:

"O que são os bens da Terra? É a areia que escoa, é a aflição que a alma encerra!"

Certamente foi com um olhar triste que o Senhor Jesus fitou o jovem rico, que podemos considerar pobre, quando este se retirava; o Senhor o amava (veja Mc 10:21).

Depois que o moço se retirou o Senhor disse aos discípulos: "Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus". Os discípulos ficaram abismados diante dessa afirmação, pois pensavam que bens materiais fossem uma bênção de Deus. De fato era assim segundo a lei. Quando, porém, comprometem o coração, impedindo-o de se entregar a Deus, então são um empecilho, sim, uma maldição. Para Deus, no entanto, tudo é possível: em Sua graça (Sua Palavra e Seu Espírito), e valendo-se de circunstâncias, Ele pode mover os corações, libertando-os do amor às riquezas, mostrando-lhes o verdadeiro valor dos bens espirituais. Normalmente, porém, são os pobres deste mundo os que são ricos na fé [Tg 2:5).

Em resposta à pergunta dos discípulos: "Sendo" assim, quem pode ser salvo?". O Senhor disse uma importante verdade, explicando que a salvação, tanto do pobre, quanto do rico, somente pode ser operada por Deus, visto que o coração humano é perverso; ninguém é bom e ninguém pode salvar-se por esforços próprios; todos estão espiritualmente mortos (Ef 2:5).

A essa altura Pedro diz: "Eis que nós tudo deixamos e te seguimos: que será, pois, de nós?" Falando de um evento futuro, quando estabelecer o Seu reino {"na regeneração" (Mt. 19:28), isto é, na renovação da Terra ­quando o domínio de Satanás for tomado} o Senhor dará aos seus apóstolos a elevada posição de regentes sobre as doze tribos de Israel (*v. 29-30). Mas não somente os apóstolos, senão todos os que tiverem pertencido ao Senhor hão de reinar (* Ap 20:6; I Co 6:2). Independentemente disso, o Senhor assegurou aos Seus discípulos que receberiam cem vezes mais já nesta vida, e no porvir a vida eterna. Ainda disse, porém, que "muitos primeiros serão últimos; e últimos, primeiros”.

Os primeiros em Israel eram os fariseus e os doutores da lei; não será por isto que terão o primeiro lugar também no reino, como com certeza esperavam, mas é mais provável que seja o contrário.

 

60) Os Trabalhadores na Vinha

  1. A convocação para o trabalho: Mateus 20:1-7.

2 . O salário dos trabalhadores: versos 8-16.

Explicação e ensinamentos:

Na lição anterior foi falado a respeito de galardão (quando da pergunta de Pedro). O homem é salvo pela graça, e não por obras. Mas Deus quer também que os seus Lhe sirvam e sejam fiéis em "boas obras".            .

É para esse fim que foram salvos e regenerados (Veja *1 Ts 1:9; *Ef 2:10). E o Senhor recompensará o trabalho e a fidelidade daqueles que lhe servem. Por esta recompensa (galardão) o crente já pode se alegrar enquanto está aqui na Terra; a certeza de recebê-lo lhe será por estímulo e ânimo (compare Moisés - Hb 11:26; Paulo - 2 Tm 4:7-8; o próprio Senhor Jesus - *Hb 12:2). Mas não é pela recompensa que o crente trabalha para o seu Senhor. Ele o faz impelido pelo Espírito de Deus e pelo amor que está derramado no seu coração.

Por outro lado o crente não tem direito a exigir retribuição pelo serviço que presta a Deus. Todos foram nada mais que pecadores perdidos. Não há como esperar galardão (veja Lc 17: 10). Quem trabalha para Deus fá-lo no uso dos dons e das habilidades que o próprio Deus lhe deu (veja I Co 4:1). Assim sendo, nunca somos credores de Deus, como se Ele nos devesse algo.

Nesta nossa parábola queremos aprender que o homem nada pode exigir de Deus, e muito menos pode estipular o valor dos seus próprios honorários (como os primeiros obreiros). Qualquer coisa que Deus nos der é sempre uma recompensa espontânea e benevolente da Sua mão. Os últimos obreiros na vinha iniciaram apenas à hora undécima; eles dependiam da bondade do seu Senhor, mas tinham a certeza de que lhes daria um salário justo. (Não foi ajustado nenhum salário, previamente:v.7). O Senhor, por sua vez, não desaponta quem Nele confia. Ele se demonstrou como aquele que a nada está limitado, dando-lhes acima do salário esperado, e isso sem injustiçar os primeiros assa1ariados (que receberam o mesmo valor - vs. 14-16).

[O apóstolo Paulo, que entrou na seara do Senhor bem depois dos demais apóstolos, foi objeto da mesma recompensa e de uma maior porção da graça comparado aos outros apóstolos que começaram ao romper do dia. (Faça também uma comparação de Israel com a Cristandade)].

A graça de Deus atua irrestritamente.

 

"Estudos sobre a palavra de Deus” - Hebreus 7 e 8