Felicidade ou Infelicidade no Casamento e Família2

Felicidade ou Infelicidade no Casamento e Família (Parte 2)

Marido e Mulher

Efésios 5: 19-29

Talvez admiremo-nos de que o assunto "lar e matrimônio" esteja tão minuciosamente descrito justamente na epístola aos Efésios. Acontece que essa epístola nos apresenta, mais do que qualquer outra, o eterno plano de Deus quanto a Cristo e Sua Igreja. Na Epístola aos Efésios tudo procede de Deus, o Pai da Glória. O ponto de partida para tudo é o propósito do Seu coração, e não o nosso estado perverso, como é o caso da carta aos Romanos. O primeiro capítulo descreve a posição gloriosa em que agora já nos encontramos perante Deus. Fomos introduzidos na condição de filhos de Deus - não apenas meninos (criancinhas), senão adultos - e nos é concedido ter conhecimento e compreensão dos decretos de Deus.

O terceiro capítulo mostra-nos qual o papel que a Igreja desempenha dentro dos planos de Deus. A Paulo foi concedido manifestar este mistério. Os crentes do tempo da graça serão eternamente a "Igreja", a "Esposa de Cristo" . Tudo partilharemos com Ele, Quem a Si mesmo Se entregou pela Igreja.

Deus apresenta-nos esta eterna condição celeste para ilustrar nossas relações no matrimônio. Faz recair sobre os nossos matrimônios a luz deste grande e incompreensível decreto de Deus. Cada um de nós pode indagar, agora, quais os princípios que devem valer para nós próprios e para nossas famílias: os divinos, apresentados na Bíblia, ou os mundanos, que se baseiam no bel-prazer de cada um? O efeito destes últimos é o assustador número de divórcios - que já citei. Mal podemos imaginar quanta aflição isso traz consigo; quantos corações machucados! O princípio divino, em contrapartida, é esse: "O que

atenta para o ensino, acha o bem" (outra tradução diz: "O que atenta prudentemente para a palavra achará o bem") (Pv 16:20). Observar a Palavra significa cumpri-Ia. Intimamente vinculado a isso está deixar de lado a vontade própria (que nos traz tanta pena) e reconhecer a autoridade de Cristo como cabeça. Quem assim procede desfrutará a bênção de Deus já nesta vida. Em Efésios 5:22-6:9 nos são apresentados três tipos de relacionamento nos quais podemos e devemos pôr em prática as prescrições divi­nas:

1 - O relacionamento entre marido e mulher.

2 - O relacionamento entre pais e filhos.

3 - O relacionamento entre senhores e servos.

     Os versículos 19-21 antecedem a menção desses relacionamentos quase na função de epígrafe. Apresentam-nos duas coisas importantes:

 1) Deus considera o estado do nosso coração, e compartilha o que deveria ser visto ali. É dito: "entoando e louvando de coração ao Senhor ... dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo." A carta aos Efésios cita sete diferentes condições do coração. Aqui trata-se de corações que cantam e louvam, sim, poderíamos até dizer, corações em adoração. É normal que o convívio no dia-a-dia do matri­mônio, do lar, do trabalho etc., se faça acompanhar de problemas e dificuldades, mas são coisas que não devem absorver-nos a ponto de não mais podermos louvar ao Senhor e agradecer-Lhe. Um cristão grato é um cristão feliz. Como iniciamos nós o dia, e como o terminamos? Cantar e louvar a Deus em nosso coração certamente resulta em gratidão na oração. Quando oramos pela manhã, apresentamos logo como primeiro assunto os nossos problemas e cuidados, ou o assunto mais importante é desde já a obra do Senhor Jesus na cruz? A ocupação com o Senhor Jesus e Sua obra nos induz à gratidão, sim, à adoração. E esse estado de coração é a condição essencial para a direção de Deus em nossas vidas, mesmo no matrimônio e no lar. Ele então será a marca em nossos matrimônios, e não mais os nossos "elevados" ideais.

 2) Em seguida lemos a respeito da sujeição: "sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo" (v. 21) Por natureza, temos todos dificuldades em sujeitar-nos, e de fato somente o

podemos no temor de Cristo. O temor de Cristo é a categoria e a abrangência da nossa sujeição. Deus deseja reverência à Sua Palavra, temor de fazer algo que possa não agradar a Ele. Os diversos relacionamentos de nossa vida são a melhor oportunidade para demonstrar o tipo de cristãos que somos, ou seja, se temos ou não o verdadeiro desejo de viver segundo os pensamentos de Deus.

Os princípios que Deus descreve em Efésios 5 são mais ou menos conhecidos a todos nós. Mesmo assim é recomendável silenciarmos por um pouco para indagar a nós mesmos: "O que o Senhor tem a me dizer, hoje, por Sua Palavra?

"As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos" (v. 22-24). Deus dirige-se aqui às mulheres a respeito de um assunto que muitas vezes lhes causa dificuldades. Elas devem sujeitar-se a seus próprios maridos, e não a outros homens. Esta sujeição somente é possível no Senhor. O Senhor apresenta- Se neste trecho como Aquele que detém a autoridade. Entre marido e mulher está a autoridade do Senhor Jesus, e é o que empresta ao matrimônio o verdadeiro conteúdo. Se ambos acatarem a autoridade do Senhor, então a esposa não terá dificuldades em ser submissa nem o marido correrá o risco de querer dominar sobre a mulher. Hoje a sujeição da mulher está desaprovada não somente no mundo, mas também na cristandade. Fala-se de emancipação e auto-realização da mulher. A Palavra de Deus, contudo, diz algo diferente. Emancipação não promove bênção, e sim maldição. Porventura aqueles os quase 130 mil divórcios por ano (na Alemanha) não falam uma linguagem clara? É notável quantas vezes o Novo Testamento menciona o assunto "sujeição da mulher".

Em 1 Co 14:34-35 lê-se:

"Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos". Notamos aqui a menção de um texto do Antigo Testamento, a continuidade de uma determinação da Lei. Mas este texto também se dirige aos maridos. Se temos lido que a mulher deve interrogar a seu próprio marido, então este deve estar em condições de ensinar sua mulher. Nós, homens, velhos e moços, conhecemos a nossa Bíblia a ponto de poder responder satisfatoriamente às nossas' esposas? Não é suficiente ler de vez em quando um pouco, visto que para poder responder devidamente é preciso pesquisar profundamente a Palavra de Deus. Não existem acaso mulheres piedosas que sofrem pelo fato de seu marido não saber responder às suas perguntas, porque tem pouco interesse tanto na Palavra quanto nos propósitos de Deus?

Em 1 Timóteo 2: 11-12 temos outra indicação importante: "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio". Este é um importante princípio divino. A mulher não deve usar de autoridade sobre o marido, pois Deus não o quer assim. Seria contrário à Sua vontade expressa; ainda assim, existem matrimônios cristãos onde é a mulher quem determina as coisas. Já não se quer apenas" direitos iguais" , não, querem - conscientemente ou não - possuir a predominância. Em muitas mulheres há o pendor para exercer autoridade, e justamente por isso Deus fala tão claro a respeito desse assunto.

Uma terceira passagem, em Tito 2, diz que as mulheres idosas devem ensinar as mais novas. São sete os itens ali mencionados para a instrução, entre os quais o de serem submissas a seus próprios maridos. Aqui em Tito é apresentado o motivo para tanto; aí a Palavra diz: " ... para que a palavra de Deus não seja difamada" (v. 5). Será que nossas esposas queriam que a Palavra de Deus fosse difamada por agirem contra a Sua vontade? "A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos a derruba" (Pv 14:1). Quando o matrimônio não está baseado sobre o inabalável fundamento da Palavra de Deus, então o casamento e a família correm sério risco. Tenhamos o cuidado de não destruir nossa própria felicidade ao desprezar a bênção que Deus nos tem reservado!

Uma quarta passagem, em Colossenses 3: 18, diz: "Esposas, sede submissas aos próprios maridos, como convém no Senhor”. Sujeição não é desonra: é honra; é o que convém no Senhor.

Finalmente, em quinto lugar, também o apóstolo Pedro fala da sujeição: "Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vossos próprios maridos, para que, se

alguns deles ainda não obedecem à palavra, sejam ganhos, sem palavra alguma, por meio do procedimento de suas esposas, ao observarem o vosso honesto comportamento cheio de temor. Não seja o adorno das esposas o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmos se ataviaram outrora as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seus próprios maridos" (1 Pe 3:1-5). Temos aqui duas indicações importantes. Primeira: o comportamento da mulher pode ser um testemunho; segunda: o espírito manso e quieto é precioso para Deus. Já por natureza não é fácil satisfazer essas duas condições, no entanto, a quem nossas esposas desejam agradar, a homens ou a Deus? Ao mencionar, no verso 6, uma mulher do Antigo Testamento, Pedro lhe edifica um memorial:

Sara, a esposa de Abraão, nos é apresentada como exemplo. Em seu coração ela chamava o marido de "Senhor". É isso que agrada a Deus: nada de sujeição exterior e aparente, porém aquela condição do coração que Lhe é preciosa. Deus não está exigindo que hoje alguma esposa obedeça cegamente ao marido, mas o que pede é submissão. Embora Sara seja um exemplo para as nossas mulheres, no que diz respeito à sujeição, Deus não deixou de revelar no Velho Testamento que ela por duas vezes foi além do que deveria ao obedecer ao marido, e isso teve conseqüências fatais para seus descendentes. Não é debalde que a sujeição recomendada às esposas tem um limite, pois em Ef 5:22 lê-se: " ... como ao Senhor." Em Gênesis 12 lemos a respeito de uma fome que sobreveio à terra de Canaã. Abraão, "o homem da fé", enfraquece na fé. Em vez de pedir orientação a Deus, vemo-lo indo ao Egito. Com medo dos moradores daquela terra, ele lembrou à Sara um ajuste que haviam feito entre si: ela deveria dizer que era irmã dele. Isso até era uma "meia verdade", mas na situação deles tomou-se uma mentira perfeita e um engano. Por meio desta mentira, cuja raiz estava no egoísmo de Abraão, ele expôs sua mulher a um grande perigo lá na corte do Faraó. Se Deus não tivesse intervindo, Abraão teria perdido sua esposa para sempre. Anos mais tarde o mesmo fato se repetiu, apenas de forma um pouco diferente, quando se encontravam entre os filisteus. Naquela ocasião, ambos falharam. Abraão, enfraquecido na fé, exigiu demais da sua mulher. E Sara foi longe demais em sua submissão. Esse fato mostra-nos que hoje também existem limites para a sujeição da mulher cristã. Quando o marido exige coisas que contrariam a vontade de Deus, a esposa não pode nem deve obedecer. Quão bom é quando as esposas em tais situações se demonstram verdadeiras adjutoras. Nós, homens, estamos sujeitos a agir, por vezes, precipitadamente, entrando, em conseqüência, nalguma trilha errada. Como é oportuna em tais momentos a ajuda da esposa! Isso também se aplica quando nós, homens, agimos de forma inconveniente nas reuniões da igreja. Aceitamos, por exemplo, o conselho das nossas esposas quando nos dizem que nossas orações são demoradas demais?

Retomemos agora a Efésios 5: "submissas ... como ao Senhor" . Este é o limite e ao mesmo tempo a beleza da submissão. O verso 23 apresenta, então, a razão pela qual devem sujeitar-se: "Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo salvador do corpo". À medida que o marido tiver a Cristo por exemplo, poderá ser, por sua vez, o cabeça de sua esposa. Cristo é o Salvador do corpo (ou seja, da Igreja). Cristo não somente se entregou pela Igreja no passado, mas também cuida dela no presente em qualquer dificuldade. Ele se preocupa com a Sua Igreja. Da mesma forma, o marido deve estar preocupado pelo bem-estar da sua esposa, ajudando-a em todas as situações. Uma pergunta aos maridos: Será que notamos quando nossas esposas estão em aflição ou têm dificuldades? Talvez sofram caladas, em oculto, e nós nem sequer o percebemos! Vivemos em egoísmo, ocupamo­-nos com o nosso bem-estar e nem percebemos o que preocupa as nossas esposas. Não esperamos que nossas mulheres tenham compreensão quando à tarde voltamos cansados do trabalho? Como fica o caso inverso? Nós lhes perguntamos como passaram o dia? É o que deveríamos ter aprendido com Cristo. Ele quer e pode ajudar-nos a corrigir esse ponto fraco.

Outro ensinamento está contido no verso 24: "Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos”.

Voltemos, rapidamente, a Abraão e a seus descendentes.

Ele era respeitado e considerado pela sua esposa como o cabeça. Já seu filho Isaque e o neto Jacó eram menosprezados e ignorados como cabeça nas casas deles. Por querer impor sua própria vontade, Rebeca, a mulher de Isaque, destruiu o seu próprio lar. Manipulou a seu filho Jacó para, por ele, enganar ao próprio marido. Em tempos idos Rebeca tinha sido uma esposa exemplar (Gn24), podendo até representar, no Velho Testamento, uma das mais excelentes figuras da Igreja de Cristo. Não obstante esse excelente passado, Rebeca tomou-se enganadora do próprio marido. Como resultado dessa atitude, Jacó teve de deixar a casa paterna. Nunca mais viu sua mãe. De onde Rebeca aprendera a enganar? Não era seu próprio marido que um dia enganara os filisteus? Isaque havia dito aos filisteus que Rebeca era sua irmã, o que não correspondia à verdade. Com quem Isaque havia aprendido a enganar? Não lhe fôra o seu próprio pai, Abraão, um mau exemplo? Abraão mesmo colheu amargos frutos, e o seu mau exemplo refletiu-se nos filhos e nos netos. Jacó, o enganador, foi enganado por diversas vezes. Sua esposa, Raquel, o enganou, coisa que ele nem sequer notou. Seu sogro o enganou, e, mais tarde, vemo-lo sendo enganado por dez de entre seus próprios filhos que, mostrando-lhe a túnica de José, queriam provar que José fôra morto. Durante vinte e dois anos, Jacó sofreu sob este engano terrível. De fato, Jacó colheu muita amargura, o que mais uma vez confirma um princípio divino:

"Tudo o que o homem semear, isso também ceifará". Quais teriam sido as causas originais dessas enganações entre a descendência de Abraão?

A primeira entre elas foi a independência por parte de Abraão, que, na qualidade de líder e exemplo da sua família, desceu ao Egito sem consultar a Deus, e exigindo ainda de Sara um comportamento fraudulento ante os egípcios.

A segunda causa foi a obediência cega e irrefletida de Sara.

A terceira causa foi o menosprezo de Rebeca para a liderança de Isaque na família. Pergunto: O que irão nossos filhos colher como resultado daquilo que nós semeamos? Que tipo de exemplo somos nós para eles? Será que a nossa conduta resulta em bênção ... ou em prejuízo para eles?

Em Êxodo 4:24-26 é relatado o regresso de Moisés ao Egito. No j caminho, Deus mesmo o atacou para matá-lo. Por quê? Ao lado de Moisés vinha Zípora, sua mulher. Evidentemente ela se havia esquivado de deixar circuncidar o filho. Ele quis obedecer a Deus, mas ela não. Somente após a direta intervenção de Deus é que Zípora mudou de idéia. Contudo não devemos julgar esta mulher; antes olhemos para nossas próprias vidas e verifiquemos o que é que Deus tem a nos dizer por meio destes exemplos no Velho Testamento. Naquilo que Deus nos deixou a orientação de Sua Palavra, não há espaço para seguirmos após a nossa opinião.

A partir do verso 25 a Palavra se dirige diretamente aos "homens": "Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela ... para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos" (versos 25-­28).

Os versículos acima classificam-se entre os mais magníficos da Bíblia. Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo sé entregou por ela. Ele deu tudo, sim, a Si mesmo, para possuir aquela que era uma pérola de grande valor (Mt 13:46). Mas Seu amor à Igreja não se esgotou com este gesto, pois no tempo presente Ele a santifica, purificando-a pela Palavra, o que Ele faz com vistas ao futuro, quando então irá apresentá-la a Si mesmo glorificada. O amor inerente ao relacionamento de Cristo com Sua Igreja - assunto de cujos pormenores não iremos tratar agora - é o padrão de referência para o comportamento de um marido para com sua esposa. É, na verdade, um padrão elevado, mas Deus não nos pôde estipular algum outro: "Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela... ".

Alguém dentre nós tem correspondido a esse padrão elevado? Dificilmente. Temos de confessar que ficamos muito aquém do exemplo deixado por Cristo. Na leitura do Antigo Testamento tem-se a oportu­nidade de notar que são poucos os maridos a quem Deus pode conferir o testemunho de que amavam suas mulheres. Em 1 Samuel1, Deus fala de Elcana e de sua esposa Ana, onde afirma que Elcana amava sua mulher. Será que Deus poderia dar a mim e a você este mesmo testemunho? Mas Deus confere um testemunho singular a um homem do qual, talvez, não teríamos esperado: Jacó. Por três vezes lê-se que Jacó amava Raquel. Deus observou os sentimentos deste homem e achou por bem comunicá-los a nós. Também de Isaque lemos que amava a sua esposa Rebeca. Quando recém-casados, todos os seus afetos valiam para ela. Infelizmente, mais tarde esta condição mudou. Depois de velho Isaque amava boas comidas e bebidas, e nada mais se lê de amor por sua esposa. E como vai conosco? Temos amado nossas noivas? Sem dúvida, sim! Mas depois de casados o amor foi diminuindo, ou aumentou? Quem vê na sua esposa aquela adjutora dada por Deus, irá amá-la cada vez mais, o que também não deixará de demonstrar a ela. Infelizmente, em muitos matrimônios se repete o caso de Isaque e Rebeca. Que prejuízo!

Em Colossenses 3: 19 os maridos são exortados a amar suas mulheres e a não se irritar contra elas (outra versão da Bíblia em português diz "não as trateis com amargura"). Até a esse ponto podemos chegar: Ficar irritados contra elas. Maridos ficam irritados e deixam de lado a cortesia talvez até sem perceber. Muitos durante o noivado são corteses, delicados, dispostos a prestar ajuda, sim, perfeitos cavalheiros. E depois? Logo depois de casados fazem questão de ser servidos pela esposa, achando-se até no direito de cultivar certos caprichos. É verdade que o marido é o cabeça da família, sendo por isso o responsável, no entanto em ponto nenhum a Palavra autoriza os maridos a explorar suas mulheres ou a dominar sobre elas. Pelo contrário, devem amá-las assim como Cristo nos ama. O amor de Deus está derramado em nossos corações, e é um grande privilégio poder ativar esse amor. O apóstolo orou (Efésios 3: 17) para que os efésios pudessem estar arraigados e fundados em amor. Quando plantados neste solo do amor divino, recebemos toda a força necessária para amar-nos uns aos outros. O amor do marido manifesta-se em alimentar e cuidar sua esposa, tal qual Cristo o faz (Efésios 5:29). O alimento e o cuidado referem-se tanto às necessidades materiais quanto às espirituais da esposa. Alimentar e cuidar é, em primeiro lugar, tarefa do homem. Se a Bíblia designa o marido como provedor da família, então a mulher não pode estar na vida profissional.

Mesmo que em nossos dias já se tenha tomado impopular que as mulheres se dediquem ao governo da casa - às tarefas do lar -, os princípios divinos a esse respeito não mudaram. Em Tito 2:5 a Palavra justamente diz às jovens mulheres que sejam boas "donas de casa" (literalmente:' "trabalhando em casa", ou seja, que se ocupem dos "trabalhos caseiros"). Deus não deu essa ordenança a fim de prejudicar as mulheres, antes, para protegê­-Ias. Uma mãe e dona de casa já tem tarefas suficientes. Sara encontrava-se na tenda quando Abraão recebeu visita. A tenda fala do âmbito doméstico. Ali é que ela era uma fiel adjutora para seu marido. Como é marcante a pergunta que Deus fez em Gênesis 18:9: "Onde está Sara, tua mulher?" . Deus sabia de antemão a resposta, mesmo assim perguntou para, por ela, falar a nós. Podemos dar a mesma resposta que Abraão: "Está aí na tenda" - ou está "em casa"?

No verso 28 Paulo prossegue:

"Assim também os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios cor­pos". Não é nada extraordinário quando amamos nossas mulheres - não merecemos nenhum elogio por isso nem é motivo para orgulhar-nos. Amá-las é nossa obrigação, e é a coisa mais normal.

Resta saber se o fazemos. Temos tempo disponível para nossas esposas? Ou estamos sempre fora de casa, buscando nossos próprios interesses e passatempos? Vejamos o que 1 Pedro 3: 7 diz a esse respeito: "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento e, tendo consideração para com vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade". Nessa passagem aprendemos três pontos importantes:

1 - Devemos coabitar com nossas mulheres, e isso com discernimento. Quem fizer assim não estará constantemente ausente.

2 - Devemos ter em mente que elas são vaso mais frágil. Mulheres pensam e sentem diferentemente do que os homens.

3 - Devemos tratá-las com dignidade, não as menospre­zando.

Havia um casal recém-casado.

Ela não estava-se sentindo bem. Chegou o momento de pôr na rua um pesado latão de lixo. O que faz o nosso cavalheiro? Permite que sua mulher faça este pesado trabalho, enquanto ele fica no sofá, lendo um livro. Isso, acaso, é tratar com dignidade; é honrá-la? Certamente não. A cada dia surgem oportunidades de ama­-las, nutri-las, cuidá-las e honrá-las. Podemos fazê-lo, como podemos deixar de o fazer. Porém, como ficará o nosso galardão perante o tribunal de Cristo? Mas "alimentar" e "cuidar" também se refere ao aspecto espiritual. Somente quando tivermos alimentação espiritual para nós mesmos é que pode­remos passá-la a outros. Isto é requisito. Será que o fazemos? Como empregamos o tempo livre? Buscamos passatempos? Os amigos? Ou sempre reservamos uma ocasião para juntos ler e comentar a Bíblia? Ficamos ocupadas com nossos passa­tempos? Ou com os amigos?

Um jovem marido, que amava ao Senhor Jesus, tinha o profundo desejo que sua esposa também lesse exposições sobre a Palavra de Deus. Mas ela preferia ler histórias, é verdade que cristãs, e não achava a. menor graça em leituras espirituais. Com muito carinho, o marido procurava despertar o interesse dela e finalmente conseguiu, com a ajuda do Senhor. Selecionando cuidado­samente assuntos que se amoldassem mais aos interesses dela, teve êxito, e hoje lêem juntos.

1 Pedro 3: 7 nos fornece mais uma indicação importante:

"para que não se interrompam as vossas orações" . Infelizmente continua havendo famílias cristãs em que não se pratica a oração conjunta. Muitas vezes essa falha já se evidencia antes mesmo que se constitua um lar; durante o noivado. Querida irmã, se você tiver um noivo que não ousa orar com você, então examine com sinceridade se esta união tem a aprovação do Senhor. Tanto a oração conjunta quanto a pessoal deve ser parte integrante de um matrimônio cristão. Não é verdade que no tempo de noivado todo noivo espera ansioso para, finalmente, poder. amar e cuidar sua esposa? Por que deveria ser diferente depois de casados? Quando nós maridos ocuparmos devidamente nosso lugar, ou seja, quando amarmos nossas esposas, com certeza elas não terão dificuldades em respeitar-nos como cabeça sobre si nem em sujeitar a nós.

 

Continua em Felicidade ou Infelicidade no Casamento e Família (Parte 3)