“ESTUDOS SOBRE A PALAVRA DE DEUS” - I PEDRO 3

“Estudos sobre a palavra de Deus”

Tradução de “Synopsis of the Books of the Bíble- Jonh Nelson Darby

PRIMEIRA EPÍSTOLA DE S. PEDRO – CAPÍTULO 3

De igual modo, as mulheres deviam ser submissas aos seus maridos, em toda a modéstia e pureza, a fim de que esse testemunho, prestado ao efeito da Palavra pelos seus frutos, tomasse o lugar da própria Palavra, se os maridos a não quisessem escutar. Deviam apoiar­-se com paciência e doçura na fidelidade de Deus, e não se espantarem à vista do poder dos adversários (comparar Filipenses 1:28).

Os maridos deviam coabitar com as suas mulheres, sendo as suas afeições e as suas relações reguladas pelo conhecimento cristão, e não por qualquer paixão humana; honrando-as e andando com elas como sendo os seus co­-herdeiros da graça da vida.

2) A doutrina da reunião dos santos com Jesus no ar, quando eles vão ao seu encontro, não faz parte do ensino de Pedro, assim como a de Igreja à qual ela se liga. O que ele nos apresenta é a manifestação dos santos na glória, porque ele ocupa-se dos caminhos de Deus para a Terra, embora o faça em relação com o Cristianismo.

Enfim, deviam todos andar num espírito de paz e de doçura, usando com elas, nas suas relações com os outros, esta bênção de que eles próprios eram os herdeiros, devendo, por consequência, ser todos UM no mesmo sentimento, compassivos, misericordiosos e afáveis; seguindo o bem, refreando a língua pelo temor do Senhor, evitando o mal e procurando a paz, para gozarem pacificamente da vida presente sob o olhar de Deus. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas súplicas; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. E quem, aliás, lhes faria mal, se eles fossem zelosos do bem?

Tal é, pois, o governo de Deus, tais são os princípios segundo os quais Ele vela sobre a marcha deste mundo. Todavia, não se trata agora de um governo direto e imediato que impeça todo o mal. O poder do mal atua ainda sobre a Terra; aqueles que dele estão animados, mostram-se hostis aos justos e atuam, impulsionados por esse terror que Satanás sabe inspirar. Mas, dando ao Senhor o Seu lugar na alma, esse terror que o Inimigo procura produzir já ali não encontra lugar. Se um coração tiver a consciência da presença de Deus, tremerá porventura esse coração perante o Inimigo?! O segredo da coragem e da paz está em confessar Cristo. Os instrumentos do Inimigo procuram desviar-nos e acabrunhar-nos com as suas pretensões; mas a consciência de que Deus está conosco dissipa essas pretensões e destroi-lhes toda a força. Apoiados sobre a força da Sua presença, estamos prontos a responder com doçura e com santa reverência, isenta de toda a leviandade, àqueles que perguntam qual a razão da nossa esperança. Mas, para isso, é necessário ter uma boa consciência. Podemos levar a Deus uma má consciência para que Ele nos perdoe e faça graça; mas não se pode resistir ao Inimigo, se tivermos uma má consciência; temos medo dele. Por um lado, tememos a sua malícia, e, por outro, perdemos a consciência da presença e da força de Deus. Andando na presença de Deus, nada' temeremos; o coração está livre! Não pensamos mais em nós próprios; pensamos em Deus. E os adversários ficam envergonhados por terem falsamente acusado aqueles cuja maneira de viver é irrepreensível e contra aos quais nenhuma acusação pode ser feita, exceto as calúnias dos inimigos, calúnias essas que dão, como resultado, a vergonha dos caluniadores.

É possível que Deus ache bem que nós soframos. Se assim for, é preferível sofrermos pelo bem a sofrermos pelo mal. O apóstolo apresenta um impressionante motivo para isso: Cristo sofreu, uma vez por todas, pelos pecados. Que isso baste; nós não sofremos senão pela Justiça. Sofrer por' causa do pecado foi a Sua tarefa. Ele a cumpriu e para sempre, levado à morte no tocante à Sua vida na carne, mas vivificado segundo o poder do Espírito divino.

A passagem que se segue tem apresentado dificuldades aos leitores da Bíblia; mas parece-me simples, se apreendermos o alvo do Espírito de Deus. Os Judeus esperavam um Messias presente corporalmente, que libertaria a nação e elevaria os Judeus ao apogeu da glória terrestre. Ora, este Messias não era apresentado dessa maneira - bem o sabemos - e os Judeus crentes tinham de suportar as zombarias e o ódio dos incrédulos, por causa da sua confiança num Messias que não estava presente e não tinha operado nenhuma libertação para o povo. Os crentes tinham a salvação da alma e conheciam Jesus no Céu, mas os incrédulos não gostavam disso. O apóstolo cita então o caso do testemunho de Noé. Os Judeus crentes eram em pequeno número, e tinham Cristo apenas segundo o Espírito Santo. Pelo poder deste Espírito, Cristo tinha sido ressuscitado de entre os mortos. Era pelo poder do mesmo Espírito que Ele tinha ido, sem estar corporalmente presente, pregar em Noé. O mundo tinha sido desobediente nesse tempo (tal como os Judeus o eram no tempo do apóstolo), e somente oito pessoas tinham sido salvas - tal como atualmente os crentes, já não formavam senão um pequenino rebanho. Mas os espíritos dos rebeldes estavam agora na prisão, por não terem obedecido a cristo, presente no meio deles pelo Seu Espírito, em Noé. A paciência de Deus esperava então, como esperava agora acerca danação judaica; o resultado devia ser o mesmo - e tem-no sido.

A interpretação que damos desta passagem é confirmada (ao encontro daquela que supõe que o Espírito Santo pregou no Hades às almas, guardadas ali desde o dilúvio) pela consideração que lemos em Gênesis: "O meu Espírito não contenderá para sempre e com o homem; os seus dias serão cento e vinte anos" (Gênesis 6:3); o que quer dizer que o Espírito de Deus lutaria no

testemunho de Noé durante cento e vinte anos, e não mais. Ora, seria extraordinário se tratasse apenas daqueles homens (porque não nos é falado senão deles) que o Senhor lutasse em testemunho após a morte deles. Além disso, podemos notar que , considerando esta expressão como significando o Espírito de Cristo em Noé, não fazemos senão empregar uma frase bem conhecida de Pedro; porque, como vimos já, foi ele que disse:

"O Espírito de Cristo, que estava nos profetas". Portanto, esses espíritos estão em prisão, porque não escutaram o Espírito de Cristo em Noé (comparar 2 Pedro 2:5­9). A isto o apóstolo acrescenta a comparação do batismo com a arca de Noé no dilúvio. Noé tinha sido salvo através da água; nós também o somos. Porque a água do batismo figura a morte, como o dilúvio foi, por assim dizer, a morte do mundo. Ora, Cristo passou pela morte, e ressuscitou. Nós entramos na morte, no batismo, mas como a arca, porque Cristo sofreu na morte, por nós, e dela saiu na ressurreição, como Noé do dilúvio, para começar com uma nova vida, num mundo ressuscitado. Cristo, tendo passado pela morte, expiou os pecados; e nós, por ela passando espiritualmente, ali deixamos todos os nossos pecados, como Cristo realmente o fez por nós. Porque Ele ressuscitou sem os pecados que expiou sobre a Cruz. Eram os nossos pecados; e assim, pela ressurreição, nós temos uma boa consciência. Atravessamos a morte em espírito e em figura, pelo batismo. A força daquilo que dá a paz é a ressurreição de Cristo, após o cumprimento da expiação. Portanto, por esta ressurreição, nós temos uma boa consciência. Era isto o que os Judeus tinham de aprender. O Cristo tinha subido ao Céu; todos os poderes e os principados Lhe estavam sujeitos. Ele está à direita de Deus. Nós temos, pois, não um Messias sobre a Terra, mas sim uma boa consciência e um Cristo celestial.

 

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