CRISTO ELE ATRAI NOSSO CORAÇÃO

CRISTO ELE ATRAI NOSSO CORAÇÃO

Um comovente lamento

Acompanhemos em espírito o Senhor Jesus seguindo o caminho que subia para Jerusalém. Até mesmo o semblante estampava a Sua firme disposição de trilhar o caminho. Mas não demora e logo Ele encontra com oposição. Numa aldeia de samaritanos não querem acolhê-LO porque estava clara a Sua determinação de seguir até Jerusalém (Lc 9:51-53). Os discípulos que O seguem querem vingar-se dos moradores da aldeia ordenando que desça fogo do céu sobre eles. Porém Ele prossegue firme no Seu caminho. Queria cumprir a obra que o Pai Lhe incumbiu. Notem como se aplica a Palavra do salmista: "Qual é o homem que teme ao SENHOR? Ele o ensinará no caminho que deve escolher" (SI 25:12 ­E.R.C.). O Senhor escolheu o caminho do desprezo - "e seguiram para outra aldeia" (Lc 9:56).

"Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém" (Lc 13:22). E eis que surge um novo obstáculo. Argumentando que Herodes queria matá-LO, os fariseus tentam demovê-LO do caminho: "Retira-te, e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te" (versículo 31). O Senhor sabia melhor que OS seus opositores que, conforme o desígnio de Deus, iria padecer a morte em Jerusalém. E quem era Herodes para disso demovê-LO? Uma raposa, para citar o próprio Senhor. Ele era uma das "raposas que andam pelo assolado monte de Sião" (Lm 5: 18). E é bastante impressionante que o Senhor, depois de comparar Herodes a uma raposa, agora fale de uma galinha. "Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das suas asas, e vós não o quisestes!" (versículo 34). Quão simples eram as Suas ilustrações, e ainda assim eram palavras que revelavam profundezas e alturas. O Seu lamento toca fundo em nosso coração, e deveríamos procurar compreender um pouco mais o que ocupava o Senhor nestes momentos.

Eles não O queriam! As palavras dEle expressam ao mesmo tempo lamento e acusação, e mais adiante são as lágrimas que exprimem a profunda dor de Seu coração. Um pouco antes de ingressar em Jerusalém, o Senhor ainda Se detém perto da descida do Monte das Oliveiras e chora ao contemplar a amada cidade: "Ah! se o meu povo me tivesse ouvido!"(SI8l: 13 -ERC.). Porém aqui também confirmou-se o que Davi diz em outro Salmo: "Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que Ele está à minha mão direita, nunca vacilarei" (SI 16:8 - ER.C.).

Por um lado os esforços para reunir o povo tinham fracassado. Mas por outro a evolução dos fatos correspondia exatamente às profecias do Antigo Testamento:

"Mas eu disse: Debalde tenho trabalhado, inútil e vâmente gastei as minhas forças; todavia o meu direito está perante o SENHOR, e o meu galardão perante o meu Deus ... mas Israel não se deixou ajuntar; contudo aos olhos do SENHOR serei glorificado". Este notável trecho da Escritura já se referia, profeticamente, à seqüência dos acontecimentos: O Cristo havia de ser rejeitado, mas o rejeitado seria acolhido na glória, para ser então a "salvação até à extremidade da terra" (Is 49:4-6).

Derrota em Vitória?

Em cumprimento à vontade de Deus, o Senhor prossegue o Seu caminho. A sombra da cruz vai-se projetando cada vez mais sobre: o penoso curso.

Várias vezes os judeus haviam tentado prendê-LO com vistas é  apedrejá-LO e matá-LO. Mas, primeiramente, "não era ainda chegada a Sua hora ", e depois, e isso também em conformidade com o propósito de Deus, Ele havia de morrer numa cruz. Aludindo já a esse tipo de morte, o Senhor havia dito: "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo" (Jo 12:32). Com as palavras "levantado da terra" , Ele Se referia à morte de cruz. A crucificação não era apenas um cruel procedimento romano para a execução da sentença. de morte; era também um símbolo que exprimia desprezo e vergonha. Foi em função da alegria que lhe estava proposta que o Senhor se dispôs a suportar esta vergonha, e Ele o fez. Louvado seja o Seu nome por isso!

Satanás pensou que, com a cruz, obteria a vitória, mas ela acabou sendo a sua maior derrota: foi-lhe aniquilado o poder. E não somente isso! A intenção do "poder das trevas", que era de riscar para sempre o nome do Senhor, reverteu justamente para o oposto. O rejeitado, o desprezado e o crucificado tornou­-Se aquele atrai todos para Si. E assim a cruz veio a ser a base para uma das glórias do Senhor, aquela que consiste em "fazer convergir todas as coisas sob um único senhorio: o de Cristo" (Ef 1:10). É o propósito do Pai glorificar a Seu Filho desta maneira. Cristo é e será o divino elemento central, ou como expressou alguém:

"Aquele, a quem um dia crucificaram, estava proposto para ser o objeto de atração universal e eterna". Na carta aos Efésios, no capítulo 1, esta verdade é descrita mais de perto.

Ajuntar ou espalhar?

Ainda que o propósito de Deus esteja certo e determinado, não devemos perder de vista a responsabilidade do homem. O Senhor Jesus disse: "Quem comigo não ajunta, espalha". Até aquele dia glorioso quando Cristo será o verdadeiro centro de todas as coisas, o Espírito Santo permanece na terra com o intuito de atrair muitos para Cristo e ajuntá-los para o mesmo fim. Ele convence pecadores e, uma vez que se tomam filhos de Deus, os reúne em torno de Cristo. Ao mesmo tempo vale-se também de pessoas como Suas ferramentas. Já nos evangelhos temos várias cenas que ilustram que Cristo é o ponto de atração ao qual todos devem convergir. Tomaremos um acontecimento no qual isto é ilustrado.

No evangelho de João, capítulo 1, lemos a respeito do primeiro encontro de João Batista com o Senhor Jesus. "Eis o Cordeiro de Deus!" foram as suas poucas mas impressionantes palavras. Como resultado, dois de seus discípulos deixaram-no e seguiram ao Senhor Jesus. João é aqui exemplo de um autêntico servo: ele atrai a alma para Cristo, recolhe-a para Cristo. O relato prossegue e cita André conduzindo o próprio irmão, Simão, a Jesus. A Escritura descreve este gesto de maneira bastante simples, mas o seu significado espiritual é para nós de mui elevada importância.

O Senhor tinha falado da raposa e da galinha, e neste contexto convém lembrar que também mencionou o lobo. O Senhor afirma que o lobo dispersa (Jo 10:12), e Paulo também adverte contra os "lobos vorazes que não pouparão o rebanho" (At 20:29).

Fica aqui, agora, uma séria pergunta a todos os que querem servir ao Senhor: "Faço-o conforme a Sua vontade e em consonância com as revelações da Escritura? Como faz bem percebermos servos do Senhor que, por meio de seu ministério, desligam as pessoas de si próprios e conduzem-nas ao Senhor Jesus! Por outro lado, como entristecem as palavras do apóstolo, dirigidas aos anciãos de Éfeso! Haviam de se levantar homens "atraindo os discípulos após si" (At 20:30 ­E.RC). Procuremos imitar um André, do qual temos lido: “E levou a Jesus.”

 

Uma tão grande salvação - Parte 3