AS PARÁBOLAS DO REINO DOS CÉUS"

Referências para o estudo bíblico

Um auxílio para professores de escola dominical e amigos da Palavra de Deus.

DESCRIÇÃO DAS HISTÓRIAS DA BÍBLIA

 

*Os versículos indicados com asteriscos deverão ser decorados.

 

A OBRA DE DEUS INTERIORMENTE AO "REINO DOS CÉUS"

Conforme foi visto, temos em Mt 13 sete parábolas, sobre o "Reino dos Céus". [O número "sete" representa uma unidade sob seus diversos aspectos (compare: sete igrejas em Ap 2 e 3; sete selos, sete espíritos em Ap 5 e muitas outras comparações)]. Essas sete parábolas nos mostram todo o desenvolvimento do "Reino dos Céus", desde a fundação da Igreja, quando o Senhor confiou o trabalho às mãos dos homens, até à sua consumação. A primeira das sete parábolas, "os diferentes solos", representa a introdução; ela nos mostra como os corações se comportam ante a Palavra de Deus. Então seguem dois grupos de três parábolas cada. As primeiras três já vimos: a) Joio; b) Grão de mostarda; c) Fermento. Essas três mostram a decadência ou a corrupção do reino, sob as mãos dos homens. Nas três parábolas seguintes o Senhor nos mostra como Deus tem a sua obra no "Reino dos Céus", e que há coisas ali que Lhe continuam sendo preciosas, ainda que o Reino dos Céus tenha sido ­exterior e interiormente ­corrompido através da astúcia do inimigo e da infidelidade dos homens. O Senhor, por este motivo, não fala essas parábolas perante a multidão, mas somente perante os seus discípulos (como o fez quando explicou a primeira - v. 36).

 

34) A Parábola do Tesouro no campo e da Pérola preciosa.

  1. Do tesouro no campo: Mateus 13: 44.
  2. Da pérola preciosa: v. 45-46.

Explicação e ensinamentos:

Um tesouro geralmente é uma coisa preciosa, pela qual o coração se afeiçoa (Mt 6:21). As vezes o tesouro é alguma herança, que aos olhos dos outros não tem valor, mas que para o dono vale muito. Por que? Talvez a pessoa estime aquela herança por causa daquele de quem a herdou. Nesta parábola o campo (que é o mundo - compare v.38) foi comprado devido ao tesouro nele contido. Esse tesouro é a Igreja: os seus, que estão no Mundo (Jo 13: 1; *17:6). A julgar-se pelo preço que foi pago (o sangue de Jesus), vemos quanto valor este tesouro tem para o Seu coração (Atos 20:28). Não se trata aqui da beleza da Igreja, mas do valor que ela tem para o coração do Senhor.

A seguir, na parábola da "Pérola Preciosa''', esse tesouro nos é discriminado mais nitidamente. O título lembra a maravilhosa beleza da Igreja. Quem é o negociante? É o Senhor Jesus. Não é o homem, como muitos pensam. O homem é corrompido e endividado. Ele nada pode comprar e pagar. Também não é o homem que procura a sua salvação, nem ao Senhor, mas o Senhor procura a Ele (comparar Gn 3:8 e 9 e Lc 15:1-10). A "pérola Preciosa" é a Igreja. O que são as "Boas Pérolas"? Talvez sejam os direitos e dignidade que o Senhor queria possuir nesta Terra e em Israel, aos quais, porém, renunciou. Por exemplo:

O Reino neste Mundo. Mais tarde, no entanto, há de recebê-los de Deus (*Salmo 2: 8). A Igreja é, portanto, mais valiosa e preciosa para o Filho do que dignidade e glórias (Mt 16: 18). Ela é chamada "Noiva de Cristo", a "Noiva" e"a Esposa do Cordeiro" (Ap 21:9). Cristo amou e a Si mesmo se entregou por ela (Ef 5:25).

 

35) A PARÁBOLA DA REDE

Matheus 13: 47-50

Explicação e ensinamentos:

Conduza a imaginação das crianças para a praia do mar, onde se apanham e se escolhem peixes. A parábola nos fornece uma figura do "Reino dos Céus"; tal qual será nos últimos dias e como já é hoje. Os peixes bons (os verdadeiros filhos do Reino, os crentes) são separados dos "ruins" (estes são "os maus"). Por que não o contrário? Por que não se separam os "ruins" dos "bons"? Separar os maus do meio dos filhos de Deus, para a eterna condenação, é serviço dos anjos na consumação dos séculos (v.49), e não tarefa dos homens, nos dias de hoje (os pescadores). Os "cestos" certamente são as Igrejas locais dos crentes. Assim vemos que, por meio de evangelistas, de pastores e de mestres, o Senhor Jesus está ocupado em tirar os seus de dentro do Mundo e quer mostrar-lhes como devem, em conjunto, servir-Lhe e adorá-Lo (2 Tm 2: 19-22; 3:5; *2 Co 6: 14­18; Judas 20-22). Os anjos, portanto, se ocupam com os maus. Os servos do Senhor, porém, com os justos.

É notável que a sentença sobre os maus (v.49-50) não é a explicação da parábola. Estes versos somente mostram o que há de acontecer com aqueles que neste tempo presente, da Graça, não creram no evangelho (2 Ts 1: 7-8).

 

36) A grande Pecadora

  1. A Unção: Lc 7:36-38
  2. A parábola dos devedores: v.39-43
  3. A pecadora recebe perdão: v.44-50.

Explicação e ensinamentos:

O Senhor rejeitado por Israel (Mt 11) é agora procurado por cansados e oprimidos, como é o caso também dessa pecadora.

"Ungir" era um costume judaico, geralmente realizado para honrar o hóspede (compare Mc 14 e Salmo 23:5). De qualquer maneira, Simão não havia convidado o Senhor por amor, mas por orgulho. Era para ele uma honra ter à mesa o Grande Mestre.

A mulher, conhecida como pecadora dada a sua vida passada, chega ao Senhor, num sentimento de culpa, que agora, na presença do Senhor, pesa ainda mais sobre ela (*Jó 42:5-6; 1 Jo 1:5). Ela se aproxima, confiando no amor e na graça do Senhor. Pesarosa por haver cometido pecado, ela procura perdão.

O fariseu, justo aos seus próprios olhos, cheio de presunção e sem .sentimento de culpa, sem amor, nem presta honra ao Senhor (pois não lhe deu água, nem o óleo de unção, nem um beijo, que no Oriente se dava a todo hóspede que era recebido com honra). Não havia, portanto, nenhum reconhecimento da pessoa do Senhor. Aos olhos do fariseu o Senhor era somente um profeta, mas não o Salvador, o Filho de Deus em graça e em amor.

A mulher, infeliz sobre si mesma, cheia de arrependimento da sua vida pecaminosa, desprezada e repelida pela sociedade, não ousa falar, mas as suas lágrimas falam por ela. Ela não pensa no orgulho de Simão, nem nos convidados, que a desprezam. Sua meditação está somente no Senhor e Salvador. Ela ama ao Senhor, contemplando o Seu amor e graça que não rejeita a ninguém, nem mesmo a ela, apesar de todos os seus pecados que só Ele pode perdoar (*Jo 6:37).

Agora o Senhor passa a falar sobre ela a Simão, que dela tem preconceito: "Os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou." Na parábola dos dois devedores, o Senhor dá a entender que, baseado na própria justiça, ninguém pode subsistir na presença de Deus, e nem ir ao céu. Um exemplo: Se o ingresso num parque custa Cr$ 20.000,00 então, quem possui somente Cr$ 15.000,00 tampouco pode entrar, como quem não tem nada. O amor da mulher não foi, porém, um mérito baseado no qual obteve o perdão. O amor ao Senhor era somente a prova de como ela sofria sob seus pecados, e de como ela estimava Aquele que a libertava dos pecados. O Senhor lhe perdoou, somente com base na fé Nele, e lhe apresentou, então, três verdades magníficas:

  1. "Os teus pecados te são perdoados. "
  2. "A tua fé te salvou".
  3. "Vai em Paz!"

(Salmo 32:1-2; * Lc 7:47).

Todo o coração que vem ao Senhor com fé recebe estas três coisas: perdão, salvação e paz. Vocês, crianças, já possuem essas três coisas? Qualquer que quiser ir ao céu, precisa tê-las.

 

37) O Paralítico de Bestada

  1. A Cura do enfermo: Jo 5:1-9
  2. Os judeus se escandalizam na cura num sábado: v.10-16.
  3. A justificativa de Jesus: v.17-29.

Explicação e ensinamentos:

Estimule as crianças a imaginar o leito de um doente. Comente a miséria desta pessoa, como, de outro lado, a preciosidade da saúde. Todos já agradeceram a Deus pela saúde? Em Jerusalém não havia hospitais. Ninguém cuidava de ninguém. Cada um vivia por si. Mas lá havia um tanque com virtude divina.

A "Porta das Ovelhas" dá passagem para ir ao Monte das Oliveiras, passando sobre o Ribeiro de Cedron. "Betesda" é "Casa da Misericórdia" ou "Casa da Graça". Os alpendres, que eram um tipo de galpão, serviam para acomodação dos doentes, para não ficarem ao relento.

"Os anjos", no Velho Testamento, frequentemente mediavam bênção divina para Israel (Veja Atos 7:53). Já no tempo do Senhor aqui na Terra isso já tinha diminuído bastante, porém, ainda testemunhavam a bondade de Deus. A doença é aqui uma decorrência do pecado (v. 14), e o doente a verdadeira figura do pecador: sem força, indefeso. Havia bênção, mas o miserável não podia fazer uso dela, porque não havia nele força. Faça uma aplicação à lei: Quem cumprisse a lei, viveria (Lc 10: 28); mas, por causa do pecado, o homem não tinha força para cumpri-Ia (*Rm 8:3; *7:18). O Senhor, que viera em graça, não exigiu nadado enfermo. Ele deu ­lhe saúde a ponto de poder carregar o próprio leito do qual dependera. A todo pecador o Senhor dá perdão, vida eterna e o espírito de filiação (a Bíblia de Almeida diz "espírito de adoção"), se tão somente vier a ele, arrependido, confessando os pecados.

A cura provocou escândalo, porque Deus havia proibido, na lei, o trabalho no sábado**, e porque, sobretudo, o curado carregava o seu leito. O curado confiava inteiramente na palavra daquele que lhe havia perdoado os pecados e o havia curado. Ele seguia a Jesus. Tomou a sua cama e a levou para sua casa. Jesus respondeu aos que o consideravam por causa do quebrantamento do sábado: "Meu pai trabalha até agora, e eu trabalho". Esta resposta irritou ainda mais aqueles judeus cegos. Eles entenderam muito bem que dessa maneira Ele chamava a Deus de Pai e não fazia caso da menção que Eles faziam da lei.

O Filho de Deus, em comunhão com o Seu Deus e Pai, e em total dependência d'Ele, opera em meio aos sofrimentos de uma humanidade pecadora (v.17 e 19). O Pai ama o Filho, e este fará obras ainda maiores: Ele há de ressuscitar os mortos (v. 21) e fazer juízo (v.22). Haverá uma ressurreição, em primeiro lugar para os espiritualmente mortos, e em segundo lugar para os fisicamente mortos. Note que a expressão: "e agora é" no verso 25, não está inclusa na menção da ressurreição dos fisicamente mortos, pois esta ainda está no futuro. No versículo 25, temos a ressurreição segundo o espírito, no versículo 28, segundo o físico. As pessoas, enquanto incrédulas, estão espiritualmente mortas, não sentindo falta de Deus, e sem vida espiritual (*Ef 2:1,5). Aqueles, porém, que, agora, durante o tempo da graça, ouvem a voz do filho de Deus, isto é, os que dão ouvidos à palavra vivificante, já possuem aqui na Terra três preciosidades:

  1. Eles têm a vida eterna;
  2. Não entram em juízo;
  3. Passaram do estado de morte espiritual para o de vida segundo Deus (*Jo 5:24).

No final do capítulo, nos versículos 31-40, ainda encon­tramos quatro testemunhos a respeito de Jesus, o filho de Deus:

  1. O testemunho de João Batista (compare v.33, Jo 1:32­34);
  2. O testemunho de Suas próprias obras (v.36);
  3. O testemunho do Pai (v.37);
  4. O testemunho das Escrituras (v.39).

 

38) Debates a Respeito da Santificação do Sábado

  1. Os Discípulos colhem espigas: Mt 12:1-8(Mc 2: 23-28) 2. A cura do homem com a mão mirrada: v.9-13 (Mc 3:1-6).

Explicação e ensinamentos:

Estes dois trechos falam de obras da necessidade (saciar a fome: v.8) e de obras de misericórdia (cura do enfermo: v.9-13).

  1. Obra da necessidade: O Senhor havia pregado e servido muito. Grandes multidões seguiam a Ele e aos discípulos quando, então, muitas vezes não havia tempo para preparar alimentos (Marcos 3:20). Colher espigas era permitido aos famintos, no oriente. Os fariseus murmuraram, por terem feito isto no sábado. O Senhor, em resposta às murmurações deles, faz referência:
  2. A Davi, o mais benquisto rei de Israel, e ao que este fez na sua aflição (1 Sm 21 :6);
  3. 2. À necessidade de os sacerdotes trabalharem nos sábados (Nm 28:9). Se, pois, os sacerdotes tiveram de trabalhar no templo aos sábados, os discípulos também o podiam, porque alguém que era maior do que o templo, estava aqui. Jeová (Jesus), o Senhor do templo, estava presente (v.6). Ele, como filho do homem, era também "o Senhor do sábado" (v.8). Além disso, se eles condenavam os famintos, onde ficava a misericórdia que, segundo os profetas (Oséias 6:6) é tão agradável perante Deus (v.7)?
  4. Obras de misericórdia deviam, também, ser feitas aos sábados. Assim, pois, o Senhor cura no sábado um enfermo, contra a vontade dos judeus (Mt 12:10) (compare o doente, no tanque de Betesda: Jo 5 e o cego de nascença: Jo 9). Não curar ou não salvar o doente, no sábado, poderia, eventualmente, ter significado de homicídio (Mc 3: 4; Tiago 4: 17).

O que era, pois, o sábado, na acepção de Deus?

  1. O Sinal do descanso de Deus, após a sua obra da criação. Ou, o selo do agrado de Deus, naquilo que tinha feito: Gn 1:31; 2: 1-3; Êxodo 20: 11.
  2. O Sinal da aliança de Deus com Israel e da separação de Israel dos demais povos: Êxodo 31,13-14; Dt 5:15; Ezequiel 20:20.

Como testemunho do repouso de Deus; porém, e como selo da perfeição da obra da criação, o sábado não tinha mais sentido, porquanto era perfeita, mas corrompida. Deus não mais tinha descanso, face à miséria no mundo. Foi por isso que o Senhor disse aos judeus, que o censuravam devido ao milagre feito num sábado: "meu pai trabalha até agora, e eu trabalho". E disse mais: "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou...” (Jo 5:16-17 e 9:4,14).

Mesmo como mandamento de Deus no sinal, e como sinal de aliança com Israel, o sábado não podia ser um impedimento para Jesus de fazer a obra de Deus. Israel havia quebrantado a lei e a aliança, mas mesmo assim os escribas, por meio de preceitos e estatutos próprios, tornavam o sábado num fardo para o povo. Eles procuravam descanso em coisa exterior, sem nenhum valor. - Para Jesus, porém, este sábado, que uma vez fora uma figura do repouso de Deus e do repouso eterno (Hb 4: 9), era agora um dia de atividade. Só o que realmente tornou possível um verdadeiro descanso foi a Sua morte na cruz. Neste repouso ou descanso Deus há de introduzir todos os redimidos para sempre.

O domingo, pois, ou o "primeiro dia da semana", não é uma continuação do sábado dos judeus, que era e devia continuar sendo o último dia da semana. O domingo é, antes, o dia comemorativo da ressurreição do Senhor; pela sua ressurreição Jesus demonstrou ser o vencedor sobre morte, pecado, condenação, Mundo e Satanás. Foi nesse dia que ele mandou pela primeira vez chamar os seus discípulos de "irmãos", e os introduziu ao novo relacionamento de filhos de Deus ("meu Pai, vosso Pai; meu Deus, vosso Deus"). Também foi nesse dia que ele lhes anunciou a paz que conquistara (Jo 20:1,17,26). Foi no primeiro dia da semana que o Senhor apareceu aos seus, que estavam reunidos (Jo 20:19, 26). Foi, igualmente, no primeiro dia da semana que o Espírito Santo desceu - cinquenta dias após a ressurreição - (Atos 2: 1). Por isso os primeiros Cristãos se reuniam no primeiro dia da semana (compare por exemplo: Atos 20:7; 1 Co 16: 1-2) o qual passou a ser chamado: "Dia do Senhor: (Ap 1: 1 O). Paulo advertiu os crentes a se acautelarem dos falsos doutrinadores, que pretendiam obrigá-los a guardar o sábado (CI2: 16). O cristão comemora de coração grato" o primeiro dia da Semana", desembaraçado de quaisquer atividades, como sendo "o dia do Senhor". Ele consagra esse dia ao Senhor e à sua Palavra e obra, para o bem e para a bênção sua e a dos outros.]

 

Trabalho aos Domingos - Dicas para como Ler a Bíblia