A publicação do Evangelho

A publicação do Evangelho

(com notas de C. H. Mackintosh)

Na medida em que nos lembramos do significado do santo Evangelho, sendo por ele salvos, sem dúvida procuraremos fazê-lo conhecido e aproveitado num mundo arruinado pelo pecado e, consequentemente, pela separação de Deus.

Este Evangelho, ou "Boa Nova", é a mensagem anunciada pelo amor de Deus aos pecadores. Ela representa não somente Sua magnífica sabedoria em provi­denciar e apresentar o Seu amor, mas também a Sua santidade, a fim de justificar o pecador que dela usufruir pela fé no Senhor Jesus Cristo - o único mediador entre Deus e os homens. Pois "Deus é justo e justificador daquele que tem fé em Jesus" (Rm 3,26).

Destarte a mensagem que devemos proclamar é simples, adequada, livre e verdadeira; em geral, a pregação pública tem a marca de uma ação desespertadora. Whitfield Wesley, Woody e outros avivalistatas do passado, muitas vezes costumavam pregar em público, nas ruas ou praças, como também em cima de colinas ou nos campos, como também aos trabalhadores quando iam para as fábricas, ou mesmo quando voltavam. Formas ou formalidades não tiveram lugar onde se manifestou a energia do Espírito Santo. Estes e centenas de obreiros de Cristo, cheios de fé, O proclamaram às massas. Que aspecto maravilhoso! - Milhares beberam as palavras de paz e perdão, louvando a Deus por uma tal proclamação da Sua graça (esta também será a parte dos redimidos para toda a eternidade).

Vamos nós, também, pedir ao Senhor da seara, para mandar trabalhadores ao campo que está pronto para ceifar. Da mesma maneira, vamos nós também fazer soar a mensagem para todos. Vamos aproveitar onde o Senhor nos abrir uma porta, a fim de anunciar a centenas e milhares de almas as preciosas palavras da vida. A quem pode e deseja pregar perante multidões, que o Senhor o guie, seja em ruas ou praças públicas, em tendas ou barracas, ou escolas, etc. Deixemos essa obra abençoada avançar!

Mas pensemos também nas possibilidades de testemunhar individuamente. Existe um perigo em cuidar que a obra da evangelização poderá ser feita somente em grandes concentrações ou perante as massas do povo. Somente poucos têm este dom. Especialmente o novo convertido Pode ficar iludido em face de uma tal obra, caindo num desânimo espiritual, quando não houver possibilidades para tais ações. Constata-se um perigo quando Pensamos que somente assim pode ser saciado nosso desejo de salvar almas. Concentrações são apenas um meio para um fim, mas não o fim mesmo.

Nas pregações às massas, pode haver muito movimento, e muitos podem ficar agitados, para dar o primeiro passo necessário, conforme o eco nas suas almas. Assim muitos se tomam ouvintes comparáveis com a semente que caiu em terra pedregosa, onde não achou lugar para arraigar e se desenvolver. Assim explica o divino Mestre em Lc 8,6-13: "Estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo, e na hora da provação se desviam". Por este motivo, um pregador perante o público deve ser fiel em suas admoestações e não procurar fazer números, mas qualidade e conversões reais.

É notável que segundo o Evangelho de João, nosso Senhor se preocupou, muitas vezes, individualmente com certas pessoas. Assim, a Nicodemos, Ele revelou tanto a necessidade como também a possibilidade da salvação, ou seja, do "novo nascimento, o nascimento de cima". Não lemos nada de uma decisão nessa noite. Mas, mais tarde, ouvimos que ele defendeu o Senhor perante os Seus inimigos (Jo 7,50-52). Além disso, ele teve coragem de mostrar sua simpatia e amor publicamente, quando, junto com José de Arimatéia, presta alta homenagem a Ele, que morreu por pecadores, como também, sem dúvida, por ele mesmo. O Senhor Jesus disse uma vez: "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mt 7,20). Discípulos ocultos, mais fiéis! (Jo 19,38-42).

Quão dedicada e pacientemente Ele se preocupou com a mulher samaritana! (Jo 4,6-30). Ele não somente lhe mostrou a salvação pela confiança nEle, mas também manifestou o desejo do Pai, de ter adoradores "em espírito e verdade" . Que sublime alvo no novo nascimento! Em ligação com o trabalho individual mostrou a seus discípulos os campos branquejados para ceifar, onde o privilégio da cooperação é de todos os redimidos (Jo 4,34-38).

Em capo 8,1-11 reparamos Sua preocupação com a mulher adúltera, provavelmente pronta para o arrependimento. Em capo 9,1-38, ouvimos a história de um cego de nascimento que depois de receber o Senhor Jesus, O adorou!

Não vamos menosprezar a atividade individual com as almas, mesmo sendo insignificante aos olhos dos homens. Nós pensamos aí especialmente em congregações, onde faltam evidentemente dons para organizar concentrações públicas. Quando alguém se acha incapaz de pregar perante as multidões, ele será capaz de pegar a sua Bíblia e folhetos evange1ísticos, a fim de ir de casa em casa, para distribuir a preciosa palavra da salvação.

Nós, por nossa parte, não poderíamos ser também representantes e divulgadores do amor de Deus? Em 2 Co 5,11 lemos:

"Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens ... " e no verso 14: "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós por isso: um morreu por todos, logo, todos morreram". "De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus por nosso intermédio exortasse em nome de Cristo, pois rogamos que vos reconcilieis com Deus" (v.20).

Muitas vezes, se apresentam portas abertas ali onde há almas preciosas, preparadas pelo Espírito Santo, para recebimento da boa semente divina. Muitos, que não chegariam às reuniões públicas, talvez pudessem ser achados por um serviço humilde, num pobre casebre. Numa tal oportunidade talvez poderia ser suprida a fome da alma pelo pão da vida. Assim muitas vidas poderiam ficar livres do peso do pecado.

Mais cedo ou mais tarde talvez também se poderia encontrar os vizinhos, a fim de formar uma pequena reunião. Todos unidos em oração, e, em seguida, munidos de literatura evangelística, poderiam semear a preciosa semente da salvação, visando despertar as pessoas pelas quais o bendito Salvador deu Sua vida no Calvário.

Sem dúvida isto poderia ser uma sugestão particular para um ou outro leitor dessas linhas. Os mais variados caminhos para se espalhar a mensagem do Evangelho poderiam ser achados. Que Deus nos dê mais amor, e profundo zêlo, para fazer conhecido o notório e precioso Evangelho de Cristo!

O tempo é curto. A vinda de nosso Senhor está se aproximando. Que nossos corações anelem pelo Seu encontro. Ao mesmo tempo, Ele deseja ver em nós o amor pelas almas perdidas. Vamos repetir e clamar junto com o Espírito Santo:

"Vem. Aquele que ouve diga: vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser, receba de graça a água da vida. Amém, vem Senhor Jesus" (Ap 22,17-20).

“Tu, porém, ... faze o trabalho de evangelista”.

2 Timóteo 4, 5

 

Estudos sobre a Palavra de Deus - 2 Epístola a Timóteo (continuação capitulo 2)